Primeiramente, queria pedir desculpas pela minha ausência no site: estava com a vida tão ocupada de coisa [supérfluas em sua maioria, mas fazer o que?] que mal tive tempo para assistir filmes, quem dirá escrver para esse espaço, que sem seu combustível renovado basicamente para. Assisti dois filmes apenas nos últimos dias [não conto High School Musical, que fui obrigado a assistir]: Dente Canino, do Yorgos Lanthimos, e Bang Bang, da Andrea Tonacci. Duas obras-primas sensacionais, porém deixo para fazer minhas impressões em outros posts. Este aqui é dedicado a um filme que assisti graças a um colega meu, que, apesar de muito chato, descobri ter bom gosto para o cinema.
O filme, como o próprio nome do post diz, é Pelos Caminhos Do Inferno. O filme, feito na Austrália, conta a história de John Grant, um professor que leciona em uma pequena cidade chamada Tiboonda, que, nas férias que recebera no Natal, decide ir atrás de sua namorada, que mora na cidade mais populosa deste país quase que desabitado, Sidney, e curtir suas férias nas praias desta cidade maravilhosa, surfando. Mas para chegar a Sidney, John tem que parar em uma cidade chamada Bundanyabba, que fica literalmente no fim do mundo, onde pegaria um avião para suas tão almejadas férias perfeitas. Apelidada carinhosamente de The Yabba pelos seus moradores, percebe-se logo que a cidade é o paraíso perfeito para aqueles que gostam de uma aventura: é uma cidade lotada de mulheres sensuais, caçadas alucinantes, jogos de azar à beça e cerveja, muita cerveja. Aliás, devo dizer que nunca vi tanta cerveja em minha vida. John, que vinha desde Tiboonda tomando seus voluptuosos chopps, ao chega em Bundanyabba este vai À loucura: usa a cerveja como válvula de escape para seus problemas, recusando no início, mas logo cedendo à tentação, passado os próximos minutos do filme completamente embriagado, assim como os seus companheiros nesta ‘bad trip’.
Chegando na cidade, John se hospeda em uma espelunca, e, após descansar um pouco, vai para um espécie de bar. lá ele conhece Jock Crawford, um sargento policial da cidade, que serve como um guia para ele: é este sargento que o convence a jogar o jogo de azar chamado two-up. Como John estaqva com uma dívida, algumas contas para pagar, o que acabava o prendeno na escola que ele lecionava atualmente, ele pensou, após alguns copos de cerveja oferecidos pelo Sargento, que jogar até conseguir o dinheiro suficiente para a dívida era o melhor a se fazer. E, logo após alguns lances de sorte, John entra em uma maré de azar, onde ele acaba perdendo todos seus centavos, não podendo ir para Sidney ou voltar para Tiboonda. John estava completamente preso neste inferno. No outro dia, John sai do hotel, e recebe seu dólar de volta, que é preso enquanto se está no hotel, mas é liberado na sua saída. Mesmo com este dinheiro, ele sabe que não conseguirá se sustentar na cidade por muito tempo, passando por humilhações por acabar dependendo de alguns bruta-montes durões da cidade. Um deles é Tim, que, além de lhe oferecer algumas bebidas, oferece-o comida na sua casa, após ver a dura situação do recente conhecido. Lá John conhece a filha de Tim, Janette. Eles começam a conversar e logo chegam alguns colegas mais de Tim, que começam a falar besteira e beber cerveja. Vendo que John e Janette se retiraram do local, eles até questionam a masculinidade deste, pois prefere conversar com uma mulher ao invés de beber cerveja. Logo John and Janette se vêem em uma estranhíssima relação amorosa, após uma frustrada tentativa de sexo e alguns vômitos, que fazem John perceber que está totalmente bêbado.
Daqui em diante o filme ruma ao seu final. O que vem a partir deste momento é spoiler, então se não assistiu o filme, dou uma breve recomendação que pare por aqui. Primeiramente, John vai para a cabana de um amigo que conhecera na casa de Tim, Doc Tydon. Eles conversam, ele toma uma pílula para a sua ressaca, e descanasa. um pouco mais tarde, há a melhor cena de todo o filme, que é uma caça adoidada de John com seus colegas. A pouca iluminação das planícies arenosas da Austrália em conjunto com a brutalidade dos cangurus sendo mortos, e de uma câmera frenéticamente, que mostra John incomodado em meio a toda aquela visceralidade, e seus colegas rindo como loucos. Mas logo o professor entra no clima da brincadeira, e, após descer do jipe, acaba por matar com uma faca um filhote de canguru ferido, em uma cena brutal e quase psicodélica. Sentimo-nos como bêbados na cena, embriagados pela trilha e pelos movimentos surtantes de câmera, assim como a cara de John, como se estivesse fora de controle.Após toda esta brincadeira sádica, os amigos vão paraum pequeno barzinho, onde começam uma rixa completamente sem motivo, onde risadas e brincadeiras logo se transformam em raiva e socos. Após isso, eles destroem o barzinho, que fica devastado pelos dois. Após esta noite alucinante, completamente bêbados, a dupla volta para a barraca de Doc, onde os dois se deitam no chão, e começam uma estranha relação sexual. Isso mesmo, os dois, ébrios, começam a fazer sexo no chão da casa de Doc.
Completamente atordoado, confuso, e extremamente cansado, John acorda, e se sente logo em desespero. Pega suas poucas coisas, se despede do seu ex-parceiro amoroso e parte para Sidney, com uma arma na mão e uma mala com suas coisas. Encontra um caminhão que irá para Sidney, mas, por um erro de comunicação, acaba indo para outro lugar. Pega seu rifle e anda sozinho, desolado, a esmo em meio a tanta areia e a uma vegtação bem escassa, semelhante ao que conhecemos aqui como cerrado. Os planos à distância, que enfatizam mais a paisagem do que o próprio personagem, predominam. Este então volta para ‘The Yabba’, onde vai para casa de Doc e espera este voltar com o rifle apontado para a porta. Mas, ao final, quando este chega em casa, o professor, já completamente diferente da imagem que tinha dele no início do filme, senta no chão, e, chorando, se suicida. Após acordar mais uma vez[nem tente contar quantas foram], ele se vê em um hospital médico. Sua tentativa de suicídio não havia sido bem-sucedida. O médico, apesar de saber que fora uma tentativa de suicídio, resolve esquecer o caso, dizendo que, se pergutarem para ele o que aconteceu, para ele falar que a arma disparara sozinha. Este então, com bandagens imensas em volta da cabeça, volta a Tiboonda, graças a Doc Tydon, que paga a passagem para ele. As palavras dele ao chegarem na pequena estaçao de Tiboonda são memoráveis, onde o perguntam: “Você gostou das suas férias?”, que ele responde com: “As melhores.” E assim o filme acaba. FIM DO SPOILER
É fácil fazer todo um falatório imenso sobre as qualidades do filme, pois estas não são poucas. As atuações, que passam pelo personagem enigmático de John Grant, que nunca sabemos sua reação a tais fatos, normalmente se portando contra qualquer ato imoral ou indecente, mas rapidamente entrando na brincadeira de foram descontrolada; o médico Doc Tydon, que interpreta perfeitamente uma pessoa com alguns parafusos à menos, sem muito do que esperar da vida, e por isso tenta aproveitá-la do modo mais radical que consegue, apenas por diversão; além dos dois, temos todo o elenco de coadjuvantes enaltecendo o clima mórbido daquela cidade macabra, como o sargento e a Janette, completamente loucos. A fotografia é um dos destaques, pois se destaca tanto com planos abertos, que fotografam as areias das planícies desertas australianas, que são cenas que enchem os olhos de qualque cinéfilo de bom gosto; e também a câmera em planos mais fechados, como os diálogos ou ações importantes, que não convém certo distanciamento. Estas cenas tem uma câmera bem ágil e movimentada, com iluminação em perfeita sintonia com seus momentos. Um dos exemplos é da tensão que a câmera capta durante as partidas de two-up, onde o silêncio domina e vemos apenas o rosto dele extremamente suado, com iluminação forte, entrecortado por imagens das moedas girando no ar, e, logo após, sua decepção, com um corte dele pelado deitado em sua cama no açbergue, se lamentando. A trilha sonora é mais umd estaque entre tantos, o som dos vento e das areias se movendo nos palcos da história são marcantes, e muito bem colocados. Esta também usa um instrumental que, não sei por que, se assimila bastante com a Austrália. O roteiro e os diálogos também são um achado, visto que são por muitas vezes engraçados e se adequam perfeitamente a proposta: ser um filme completamente nonsense, com as situações mais absurdas possíveis, e se encaixando bem com a famosa frase: “O que acontece em Vegas, fica em Vegas.”, só que agora em Bundanyabba. Juntando tudo e batendo no liquidificador com a direção certeira do Ted Kotcheff, que dirigiu também o famoso filme “Rambo”, Wake In Fright só poderia sair uma obra-prima de primeiro nível, divertida como uma comédia, porém porém extremamente alucinante e absurdo, o que sinceramente, dá toda a graça do filme. Ah, e claro, a cerveja.
Nota: 8.5 de 10.0
Como o filme é lindo demais, vou fazer uma coletânea de algumas screenshots fantásticas, tentar ser o amsi seletivo possível, e anexá-las no post.